Ele stalkeava suas vítimas antes de segui-las e assassiná-las com frieza. Monitorava cada passo por meio das redes sociais, especialmente o Instagram. Observava em silêncio — os locais frequentados, os horários de rotina, o estilo de vida. Quando se sentia seguro, atacava.
Albino Santos de Lima não era apenas um criminoso comum. Era metódico, discreto, e cultivava um perfil invisível enquanto espalhava terror pelas ruas de Maceió. Entre 2019 e 2024, 18 pessoas foram mortas seguindo um mesmo padrão: jovens mulheres, executadas com um tiro certeiro, quase sempre na cabeça. A maioria sequer teve tempo de perceber que estava sendo caçada.
Um ex-agente penitenciário com rosto de assassino
Albino Santos de Lima, 42 anos, trabalhou como agente penitenciário antes de se tornar um dos mais temidos criminosos da história de Alagoas. Morador da parte baixa de Maceió, próximo aos bairros Vergel do Lago, Ponta Grossa e Levada, Albino é apontado como responsável por uma série de assassinatos que somam 18 mortes e seis tentativas de homicídio, entre 2019 e 2024.
O padrão: perfil das vítimas
A maioria das vítimas era composta por adolescentes e jovens mulheres de pele parda, cabelos escuros e cacheados, entre 13 e 25 anos. Entre os homens mortos, alguns foram alvejados por ter vínculo com mulheres que se encaixavam nesse perfil.
Modus operandi
Albino utilizava as redes sociais, especialmente o Instagram, para monitorar vítimas em potencial por meses, sem contato direto. Montava um perfil delas, observava rotinas e planejava o crime com antecedência.
Ao agir, geralmente à noite, trajando roupas escuras, máscara e boné, ele se locomovia a pé num raio de cerca de 800 m de sua residência. Empunhava uma pistola calibre .380, que pertencia ao seu pai, PM aposentado. Os disparos eram quase sempre na cabeça, deixando as vítimas sem chance de defesa.
Registro macabro
No celular apreendido pela polícia, havia pastas com nome sugerindo prazer mórbido e obsessão — como “Odiadas Instagram” e “Mortes Especiais”. Também foram encontradas fotos das vítimas, possíveis alvos futuros e selfies tiradas em frente às lápides dos mortos — evidências claras de um comportamento de trophy hunting.
Explicações refutadas
Em depoimento, Albino chegou a afirmar que matava pessoas envolvidas com facções criminosas e disse ter sido "possuído pelo fogo do Arcanjo Miguel". Segundo ele, isso justificaria desde os assassinatos até visitas a cemitérios. Esses argumentos foram rejeitados pela perícia e pelo Ministério Público, que indicam que seu comportamento era fruto de psicopatia, depressão ou sociopatia, mas não de delírio incapacitante.
Investigação completa
A polícia concluiu a 2ª fase das investigações em 25 de fevereiro de 2025, confirmando 18 homicídios atribuídos a Albino, oito ocorridos em 2019–2020 na região da Chã da Jaqueira. A mais antiga vítima identificada foi Genilda Maria da Conceição, de 71 anos, morta em fevereiro de 2019.
Prisão em setembro de 2024
A operação que levou à prisão aconteceu em 17 de setembro de 2024, na casa de Albino, após o homicídio da adolescente Anna Beatriz, 13 anos. A arma .380 e o celular, com registros das vítimas, foram apreendidos — e a perícia balística confirmou que a arma foi usada em múltiplos assassinatos.
Condenações em série
11 de abril de 2025: foi condenado por um júri popular a 37 anos, 1 mês e 15 dias, por homicídio duplamente qualificado (caso de Emerson Wagner da Silva) e tentativa de homicídio contra um amigo dele. Foi considerada futilidade e impossibilidade de defesa da vítima como qualificadoras.
6 de junho de 2025: recebeu mais 24 anos e seis meses por homicídio triplamente qualificado contra Louise Gybson Vieira de Melo, mulher trans morta em dezembro de 2023. Nesta ocasião, Albino apresentou versão delirante de possessão, rejeitada pelo júri.
Somadas, as penas já ultrapassam 61 anos de prisão. Outros julgamentos estão agendados, com ao menos mais dez júris previstos para futuros processos.
Perfil psicológico e significado dos crimes
Especialistas consultados alertam que Albino operava com frieza e obsessão: traçava perfis físicos, fixava datas no calendário, vigiava como seguia um padrão repetitivo. O fato de fotografar lápides, manter listas e nomes de alvos revela uma mente metódica e ritualística. A defesa aposta em laudos que apontam distúrbios psicológicos, mas as perícias confirmaram plena consciência dos atos.
Albino Santos de Lima se destaca como o serial killer mais letal da história de Alagoas. A investigação revelou um assassino estruturado, movendo-se silenciosamente nas sombras, perseguindo e executando suas vítimas com precisão cirúrgica, armazenando cada vitória como um troféu perturbador. Embora confesse ter sido motivado por justiça próprias, as evidências indicam um padrão obsessivo e desumano.
Data | Evento |
---|---|
Fevereiro de 2019 | Assassinato de Genilda Maria (71 anos), primeiro caso atribuído |
2019–2020 | 8 homicídios cometidos na região da Chã da Jaqueira |
Outubro de 2023 | Nova série de assassinatos começa com o mesmo padrão |
17 de setembro de 2024 | Albino é preso após matar Anna Beatriz, de 13 anos |
11 de abril de 2025 | Condenado a 37 anos por homicídio e tentativa de homicídio |
6 de junho de 2025 | Nova condenação: 24 anos e 6 meses pelo assassinato de Louise Gybson |
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